domingo, janeiro 22, 2006

Problema enterrado é problema plantado

Artigo do dep. Jorge Bittar

"Problema enterrado é problema plantado."

A linguagem simples do homem da roça revela verdades que letrados e cultos insistem em negar. Problemas enterrados criam raízes, germinam e brotam com força avassaladora. É isso que se depreende de novos fatos que surgem no decorrer dos trabalhos da CPI, tais como o envolvimento de Marcos Valério em campanhas eleitorais durante o governo FHC. O problema que brotou recentemente e que está permitindo uma depuração no PT – percebe-se agora – estava enterrado pelo PSDB desde 1998, quando o mesmo esquema assegurou um empréstimo de R$ 11,7 milhões, garantido pelo governo de Minas Gerais, à campanha de Eduardo Azeredo, atual senador tucano e presidente do partido. Corrigido pelo IGP-M, esse valor corresponde hoje a algo em torno de R$ 26 milhões.


A sabedoria do homem da roça ensina também que não se pode plantar sem antes arar a terra. A nova semente só pode ser lançada depois que o solo for revolvido, as ervas daninhas extirpadas e o terreno purificado pela luz solar. Essa lição tão simples, contudo, continua a ser renegada por eruditos capazes de tornar flexíveis conceitos segundo sua conveniência. Essa é mais uma triste constatação das palavras do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, ao comentar a denúncia de uso do "valerioduto" na campanha de 1998, afirmou textualmente: "O que aconteceu no passado, no meu governo, é coisa da história." Convenhamos que considerar história fatos que datam de sete anos atrás não faz jus ao perfil de um intelectual de seu porte, mesmo que o próprio já tenha pedido publicamente que esqueçamos muito daquilo que escreveu. Para encurtar essa "história" toda, queremos reafirmar a disposição do governo Lula e do PT de purificar nossa seara. Esperamos que, tanto aliados como oposicionistas, façam o mesmo. Somente a partir daí, nesta terra em que se plantando tudo dá, não mais brotarão problemas enterrados, mas bons frutos para revigorar a democracia.

Artigo de Jorge Bittar – Deputado Federal PT-RJ

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